A cultura alimentar molda nossas escolhas diárias, influencia nossa relação com a comida e, consequentemente, produz efeitos diretos em nossa saúde e bem-estar. 

Assume um papel impactante no contexto escolar, pois é nesse ambiente que muitas crianças e adolescentes formam suas preferências alimentares. 

Compreender a cultura alimentar ajuda a conhecer nossas raízes, promover uma reflexão aprofundada sobre a construção de hábitos, e também a busca pela alimentação saudável nas escolas.

O que é uma cultura alimentar?

A cultura alimentar refere-se ao conjunto de práticas, crenças, valores e tradições que um grupo social compartilha em relação à alimentação.

Esses grupos podem ser definidos por diversos fatores, como:

  • Região geográfica: pense na diferença entre a cultura alimentar do Nordeste brasileiro, com sua forte influência africana e ingredientes como azeite de dendê e leite de coco, e a cultura alimentar do Sul, com suas raízes europeias e pratos à base de carne e trigo.
  • Etnia: a cultura alimentar indígena, por exemplo, é distinta da cultura alimentar dos descendentes de africanos ou europeus no Brasil. Cada grupo étnico possui suas próprias tradições e preferências alimentares.
  • Religião: algumas religiões possuem regras e restrições alimentares específicas, como o vegetarianismo em algumas vertentes do hinduísmo ou as restrições ao consumo de carne de porco no islamismo e no judaísmo.
  • Classe social: a disponibilidade e o acesso a diferentes tipos de alimentos podem variar significativamente entre diferentes classes sociais, influenciando os hábitos alimentares de cada grupo.
  • Geração: as práticas alimentares das gerações mais antigas podem ser diferentes das gerações mais jovens, devido a mudanças nos estilos de vida, na disponibilidade de alimentos e nas influências culturais.

Cultura e alimentação

Cultura e alimentação estão intrinsecamente ligadas à identidade de um povo. A forma como um grupo social se alimenta, os alimentos que consome, os métodos de preparo e as ocasiões em que se alimenta refletem sua história, seus valores e suas crenças. A comida é, portanto, um importante marcador de identidade cultural, transmitido de geração em geração.

Tipos de culturas alimentares

Existem diferentes formas de compreender a cultura alimentar, sendo duas as mais importantes dentro da realidade brasileira: a cultura alimentar de cultivo e a cultura alimentar antropológica. 

  • Cultura alimentar de cultivo: refere-se às práticas agrícolas e aos sistemas de produção de alimentos, incluindo as técnicas de plantio, colheita e armazenamento.
  • Cultura alimentar antropológica: envolve o estudo das práticas alimentares de um grupo social, considerando seus aspectos simbólicos, sociais e culturais.

Cultura alimentar brasileira

A cultura alimentar brasileira é rica e diversificada, resultado da mescla de diferentes influências. A culinária do Brasil é um mosaico de sabores, aromas e ingredientes, que refletem a história e a diversidade do país.

Para entender melhor essa diversidade, é importante considerar a influência de distintos grupos étnicos, como os indígenas, africanos, portugueses e outros imigrantes, que também contribuíram para a diversidade da culinária brasileira. 

Italianos trouxeram massas, pizzas e polentas; japoneses introduziram o sushi, o sashimi e o shoyu; árabes influenciaram com o uso de especiarias e pratos como o quibe e a esfiha. 

Vamos focar nos três principais grupos que compõem a identidade mais antiga do país.

Alimentação da cultura indígena

A alimentação indígena, baseada em ingredientes como mandioca, milho, peixes, frutas e castanhas, é um dos pilares da cultura alimentar brasileira. Muitos alimentos e preparações indígenas ainda fazem parte da nossa rotina alimentar, como a tapioca, a paçoca e o beiju.

As técnicas de preparo indígena são caracterizadas pela simplicidade e pelo uso de ingredientes frescos e naturais. O assado na brasa, o cozido em folhas de bananeira e o uso de caldos e molhos à base de ingredientes locais são exemplos dessas técnicas.

O milho também é um alimento importante, utilizado para fazer farinhas, pães, bolos e bebidas. A pamonha e a canjica são exemplos de preparações à base de milho que têm origem indígena.

Alimentos da cultura africana

A cultura africana também deixou uma marca permanente na culinária brasileira. Ingredientes como o azeite de dendê, o quiabo, o coco e o amendoim foram incorporados à nossa alimentação, dando origem a pratos como a moqueca, o acarajé e a feijoada.

As pimentas, de diversas variedades, são utilizadas para temperar e dar sabor aos pratos da culinária brasileira, especialmente em pratos de origem africana.

O cuscuz, embora com origens no norte da África, ganhou versões brasileiras, como o cuscuz de milho, muito popular no Nordeste.

As técnicas de preparo africanas, como o uso de panelas de barro, o cozimento lento e o uso de temperos fortes e aromáticos, também influenciaram a culinária brasileira.

Alimentos da cultura portuguesa

A influência portuguesa na cultura alimentar brasileira é inegável. Alimentos como o bacalhau, o arroz, o trigo e o açúcar foram introduzidos no país pelos colonizadores. 

A introdução do trigo pelos portugueses popularizou o consumo de pães e massas no Brasil. O arroz, embora originário da Ásia, foi popularizado no Brasil pelos portugueses e se tornou um dos principais acompanhamentos das refeições brasileiras.

Os portugueses introduziram o consumo de carnes bovina e suína no Brasil, que se tornaram importantes fontes de proteína na nossa alimentação. Os doces conventuais, como o quindim e a baba de moça, também são exemplos dessa influência.

A influência da cultura na alimentação

Mãe e filha compartilhando um jantar com influência da culinária africana.

A cultura alimentar determina o que consideramos comestível ou não, as formas de preparo dos alimentos, os horários das refeições e as ocasiões em que comemos. Também pode influenciar nossas preferências e aversões alimentares, bem como nossas escolhas nutricionais.

Dessa maneira, pode ter um impacto importante na saúde e no estilo de vida das pessoas. Uma cultura alimentar rica em alimentos ultraprocessados, por exemplo, pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. 

Por outro lado, uma cultura alimentar baseada em alimentos frescos, naturais e minimamente processados pode promover a saúde e o bem-estar.  

Além disso, a cultura alimentar está intimamente ligada à comida afetiva, que são os pratos e sabores que nos remetem a memórias, sentimentos e experiências positivas. Esses alimentos, muitas vezes associados à infância, à família e a momentos especiais.

A cultura alimentar na escola

A cultura alimentar presente na escola, seja ela explícita (como no cardápio da cantina) ou implícita (como nas práticas e valores relacionados à alimentação), pode influenciar as escolhas alimentares dos alunos.

É importante que a escola promova uma cultura alimentar saudável, que valorize os alimentos frescos, naturais e minimamente processados, e que incentive o consumo de frutas, verduras, legumes e outros alimentos nutritivos. 

Além disso, a escola deve respeitar a diversidade cultural dos alunos, oferecendo opções alimentares que atendam às suas necessidades e preferências.

Importância da alimentação escolar: exemplos práticos para o cardápio

A alimentação escolar adequada fornece os nutrientes necessários para o crescimento, a aprendizagem e o bom funcionamento do organismo. Seu estímulo ajuda na formação de hábitos alimentares saudáveis, que são levados para a vida adulta e fortalecem a saúde das crianças.

Incorporar elementos étnicos diversos no cardápio escolar pode trazer inúmeros benefícios, tanto nutricionais quanto culturais. Aqui estão alguns exemplos práticos:

Cultura alimentar indígena na escola

Exemplo de prato: “Moqueca de peixe com legumes e farofa de mandioca”. A moqueca, preparada com peixe fresco e legumes da estação, é uma opção rica em proteínas, vitaminas e minerais. A farofa de mandioca, além de ser uma fonte de carboidratos, agrega textura e sabor ao prato.

Temperos e ingredientes: utilizar ingredientes como o tucupi (em caldos e molhos), frutas nativas como o açaí (em sucos e sobremesas) e castanhas (em preparações como farofas e saladas) enriquece o cardápio com nutrientes e sabores únicos.

Benefícios: valoriza os ingredientes nativos, promove o consumo de peixe (fonte de ômega-3), oferece variedade de vitaminas e minerais e apresenta a riqueza da culinária indígena.

Cultura alimentar africana na escola

Exemplo de prato: “Ensopado de frango com quiabo e arroz com leite de coco.” O ensopado de frango é uma fonte de proteína magra, e o quiabo adiciona fibras e vitaminas. O arroz com leite de coco é uma opção saborosa e nutritiva, que traz um toque especial à refeição.

Temperos e ingredientes: utilizar temperos como o azeite de dendê (com moderação), o leite de coco, o gengibre e a pimenta (em preparações suaves) pode trazer sabores marcantes e nutrientes importantes para o cardápio.

Benefícios: promove o consumo de proteínas, fibras e vitaminas, oferece variedade de sabores e apresenta a influência da culinária africana na alimentação brasileira.

Cultura alimentar portuguesa na escola

Exemplo de prato: “Sopa de legumes com feijão e carne magra.” A sopa é uma opção leve e nutritiva, rica em vitaminas, minerais e fibras. O feijão é uma fonte de proteína vegetal e carboidratos complexos, e a carne magra fornece proteína animal.

Temperos e ingredientes: utilizar ingredientes como o azeite, o alho, a cebola e ervas aromáticas como o louro e o orégano pode trazer sabor e aroma aos pratos, além de oferecer benefícios nutricionais.

Benefícios: favorece o consumo de legumes, fibras e proteínas, traz variedade de nutrientes e apresenta a influência da culinária portuguesa na alimentação brasileira.

It’s Cool: alimentação escolar e respeito à diversidade cultural

Crianças de  diferentes etnias reunidas.

A It’s Cool é a parceira ideal para oferecer uma alimentação escolar saudável e que respeita a diversidade cultural. A empresa compreende a importância de considerar as particularidades de cada aluno, incluindo suas restrições alimentares, crenças religiosas e preferências culturais.

Valorizamos os alimentos frescos, naturais e minimamente processados, nos diferentes sabores e preparações. 

Entre em contato com a It’s Cool para proporcionar uma alimentação escolar de qualidade, que contribui para a saúde dos alunos e o respeito à diversidade cultural.